EM
DEFESA DA CLASSE TRABALHADORA, TODOS AO ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO!
Com
a aprovação do Plano Nacional de Educação – PNE- em Junho do corrente ano, o
governo petista demonstra mais uma vez sua posição enquanto partido da ordem.
Institui aquilo que no real já vinha acontecendo na educação brasileira: um
direito vital para os seres humanos transitando para o campo dos serviços a
serem vendidos e comprados no grande mercado.
Com
o período de redemocratização no Brasil, vários educadores inseridos em movimentos
sociais, partidos e sindicatos organizados começaram a elaborar um projeto que
visasse a ampliação do acesso da classe trabalhadora à educação pública e
defendiam a proposta de uma educação de qualidade, laica, obrigatória e
gratuita. Esta defesa educacional é retomada e, com ela também, as Conferências
Brasileiras de Educação, que
surgem na década de 20.
Deste
modo, várias Conferências foram realizadas (sendo convocadas pelos grupos que a
compunham, sem relação alguma com governos e Estado) no sentido de construir um
Plano Nacional de Educação que, prioritariamente, defendesse a Educação Pública.
Este Plano foi nominado de PNE da sociedade brasileira. Assim, o
PNE – Proposta da Sociedade Brasileira –, é organizado de uma forma que pensa a
instituição escolar como um espaço da sociedade e que, portanto deve ser
construído de forma democrática, levando em consideração várias concepções
culturais, etnias, orientações e princípios.
Com
o início do governo do PT, vários movimentos sociais, sindicatos e partidos (de
base governista do PT e PCdoB) que construíam e defendiam a proposta do PNE,
que previa a defesa de uma educação pública de qualidade estatal, deixam de
construir as conferências, declarando que não tinham mais acordos em alguns
eixos. A Conferência, a partir daquele momento, passa a ser convocada e
organizada pelo governo que, de fato, as amplia, mas reduz a participação e
poder de decisão popular.
Com
isso, o Governo Lula desvia completamente o foco do PNE e institui o Plano de Desenvolvimento
da Educação (PDE), que em nada se articulava com o PNE defendido pela sociedade
brasileira. Foi pensado e elaborado por dentro dos gabinetes do poder
central sem ao menos ter a participação dos lutadores do campo da educação. O
PDE é constituído por um conjunto de ações que, “teoricamente”, teriam como
objetivo alcançar algumas metas do PNE, mas, na essência não passa de um acerto
de contas com o Movimento Todos pela
Educação, que é composto por um aglomerado de grupos empresariais
brasileiros, como, por exemplo, o grupo Pão de Açúcar, a fundação Itaú-social,
Instituto Ayrton Senna, dentre outros.
Com toda essa movimentação no âmbito
educacional, o que percebemos é a continuidade e aumento da agenda neoliberal
no país. Isso acarreta para a educação um elevado número de privatizações; de
parceria público-privada, onde o governo investe cada vez mais nos grandes
grupos do ramo da educação através, por exemplo, do FIES (Fundo de
Financiamento Estudantil) e Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico
e Emprego. Precariza cada vez mais o ensino e trabalho nas Instituições
de Ensino Superior públicas do país, com REUNI (Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais), que amplia as vagas nas universidades públicas, mas
sem aumentar o número do quadro de funcionários concursados (Técnicos
administrativos e Professores) e sem a devida infraestrutura.
Vimos recentemente à junção de dois
grandes grupos do campo da educação, faculdades Kroton e Anhanguera, as duas maiores companhias do
setor no País: as faculdades cresceram
rapidamente nos últimos anos em função dos incentivos governamentais para o
ensino privado e das aquisições de companhias menores (www.istoe.com.br/reportagens/294090_GIGANTES+DA+EDUCACAO).
Deste modo, o que temos acompanhado
é o total descaso do Governo Lula/Dilma que em 10 anos de governo, vem
precarizando e vendendo a educação para as grandes corporações. Compromissado,
portanto, com a mercadorização da educação.
Ao entender a conjuntura educacional
olhamos para novo PNE (2014-2023), Lei que tramitou dentro de quatro anos no
Congresso Nacional, sancionado pela presidenta Dilma no dia 26 de Junho deste
ano, e percebemos que em nada contempla a proposta do PNE da sociedade
brasileira. Neste, ficava clara a Defesa dos 10% do Produto Interno Bruto – PIB
- a ser direcionado para o investimento na educação PÚBLICA. Ao contrário, o
governo do PT aprova, mais uma vez, um Plano desenvolvido para atender os
interesses da burguesia, demostrando que para este governo a educação é
mercadoria!
O PNE vem no sentido de solidificar a relação público-privada
já firmada entre o PT e os diversos grupos empresariais, desde quando o partido
chegou ao poder. Muitas vezes esta relação pode parecer ausente do documento
quando não observado de forma atenta e cautelosa. A defesa e legitimidade desta
relação vêm travestidas muitas vezes com a utilização de palavras como: colaboradores; direcionando, em alguns
casos, a responsabilidade da educação à instituições filantrópicas,
conveniadas, comunitárias e confessionais.
Além
disto, o novo PNE estabelece também um plano de avaliação nacional, padronizada
e obrigatória desde a Educação Infantil até o Ensino Superior; bem como amplia
o FIES, que passa a atender também a pós-graduação, como previsto na Estratégia
14.3 (expandir o financiamento estudantil por meio do Fies à pós-graduação
stricto sensu); além de ampliar o ensino médio profissionalizante em parceria
com instituições privadas, visando atender as demandas do mundo de trabalho.
Na
contramão destas propostas que jogam nas mãos da grande burguesia a nossa
educação, o Encontro Nacional de Educação (ENE) busca reunir vários movimentos
sociais, sindicatos, partidos, professores e estudantes que têm como objetivo defender
uma educação PÚBLICA, de qualidade, gratuita, e que atenda aos interesses dos
trabalhadores. O ENE é organizado pelo Comitê Executivo Nacional da Campanha
pelos 10% do PIB para a Educação Pública, Já! E reúne diversas entidades.
O
Encontro visa discutir alguns temas como, financiamento da educação pública;
democratização da educação; acesso e permanência; passe livre e transporte
público. E se posiciona contrário à privatização e mercantilização da educação
das creches à Pós-graduação, bem como, contra a precarização das atividades dos
trabalhadores da educação e contra a avaliação meritocrática na educação.
Agora, o desafio que está posto é o de elaborar uma proposta que se contraponha
a esta sancionada recentemente pelo Governo Dilma e que de fato construa uma
educação pública de qualidade.
Lutamos
por uma educação pública, gratuita, laica, de qualidade e socialmente
referenciada para a classe trabalhadora!!
Coletivo Lutar e
Construir
Feira
de Santana, agosto de 2014
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